RELATOS DE VIAGEM À RIVIERA FRANCESA

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Queridos leitores...


Pois bem, finalmente cheguei à Nizza. Depois de uma escala forçada em Belo Horizonte, acabei em Paris. A escala que seria em Madri acabou na capital francesa.
Gostaria e registrar o excelente atendimento da TAM neste caso. Sem teto para descer no Rio fomos para BH onde ficamos 2 horas parados esperando para retornar ao Rio. Acabei perdendo a conexão para Madrid que seria às 21 hs.
A Ibéria garantiu o voô somente para o dia seguinte às 21 hs. A TAM resolveu de maneira rápida e amigável. O funcionário Cabral, no Rio, desde o primeiro momento se mostrou solícito e atencioso. Extremamente profissional nos relocou em um voô da própria TAM para Paris onde acabamos fazendo conexão para Nizza. Deu tudo certo, fora a bagagem que está em lugar incerto e não sabido com todos os presentes para a Luisa. O importante é que chegamos bem.
Encontrei minha filha, meu genro e minha neta muito bem. Agora é esperar nascer a criança. Sobre os brincos...bem, a coisa de longe é uma e de perto é outra. Hoje mesmo tomamos algumas garrafas de vinho pra escolher a melhor rolha que "seria" usada no ritual de furar orelhas da minha neta.
A primeira garrafa foi um Bordeaux, Chateau Lamothe (safra 2007).
Degustei como um náufrago depois de mais de 24 hs dentro de avião.
Não achei a rolha muito...digamos, firme. Abri um Chateau Saint Croix, daqui das Côtes de Provence mesmo. Coisa meio parecida com as coxilhas de Quaraí. A rolha já me pareceu melhor.
A terceira garrafa não lembro o nome e perdi a rolha.
Só que hoje à noite mesmo, depois destes vinhos todos foi aberta a discussão sobre colocar ou não brincos na Luisa. O bicho pegou. Minha filha amarelou um pouco, o meu genro ficou meio barro meio tijolo mas dá para perceber a sua posição contrária. Eu, bem...enquanto isso vou estudando rolhas para ver qual a melhor a ser usada na eventualidade de eu ter de furar as orelhinhas da minha neta.
Amanhã penso ir a Arles, aqui pertinho. Quero conhecer o lugar onde Vincent Van Gogh e Paul Gauguin se encontraram em 1888 e, mesmo diferentes em tudo, se identificavam em uma coisa: na busca da luz para encontrar os caminhos da pintura moderna. No livro "El paraiso en la outra esquina" Vargas Losa registra magistralmente este encontro.

Como vocês já devem ter percebido estou com um novo logotipo. Obra do querido e criativo amigo Mauro Ferreira, o TheZainer.

Achei a terceira rolha...acho que vou dormir...
Au Revoir

Bembi deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coração mole": Mas é claro que Luisa tem de sair da maternidade com brincos. Fiz isso com a Bruna, nasceu às 19h, às 21h já estava com "oro" nas orelhas. Depois a menina cresce, sem orelha furada e fica "traumalizada"...

Dario deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Queridos leitores...": CANGUITA.
Lugar Incerto e Não Sabido me fez lembrar de onde nasci, LINS. É impressionante a força dos lugares em que nascemos e pudemos ser felizes: tu achares QUARAÍ, as coxilhas, em plena Provence, é uma beleza!
Que lembranças carregará essa menininha tão esperada e amada... As cores de Gauguin e Van Gogh são um bom começo.
Abração prá todos aí.
Dario

Bembi deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Queridos leitores...": Canga será vovô! Será que agora ele toma tenência?
Um beijo pra vcs, e assim que Luisa chegar, coloque uma fotinho dela aqui!
Bjo, Cibele

Lili deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Queridos leitores...":Bom Canga, se a "guria" vai ter as orelhas furadas ou não ainda não dá para saber...mas que tu vais acabar com o estoque de vinhos do Genro, isso vai! E se tornar um Expert em vinhos franceses.
Beijos em todos, belíssima e feliz estada aí.
Lili

Alfa deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Queridos leitores...": Sei não, Canga... essa obsessão de furar logo a orelha da pobre criancinha me parece meio freudiano! Mas vá lá, há outros rituais por aí bem mais questionáveis. Dá pra explicar melhor qual a função da rolha no processo?
Sds
Anônimo Alfa

Cangablog :Se coloca um pedaço de rolha atras da orelha pra furar com o brinco.

Paulão deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Queridos leitores...": Gaucho velho, Cote D Azur, meio mamado e amolecido pela data natalícia que se aproxima, hummm....achou a rolha.... vai dormir mô pombo, é melhor. Paulão

Saint Paul de Vence





Sergio Rubim (sem dinheiro público)

Estive hoje em Saint Paul de Vence. Uma aldeia medieval nos Alpes perto de Nizza de frente para o Mediterrâneo. Um lugar fascinante. Rodeado de muralhas a aldeia tem pouco mais de 3 mil habitantes e é cheia de ruelas em seu interior. Mas o que é mais interessante é que cada casa é uma galeria de arte. Se respira arte o tempo todo. Das paredes ao piso das ruelas.
Sait Paul, por sua beleza, atraiu os grandes criadores das escolas artísticas do século XX como
Matisse, Soutine, Chagall, Renoir, Signac e Modigliani além de escritores, cineastas e documentaristas.
Várias figuras do mundo das artes contribuiram para o esplendor cultural da pequena aldeia medieval. Hoje, Saint Paul de Vence continua promovendo a arte contemporânea com suas renomadas galerias de arte.
De todos os grandes pintores franceses Marc Chagall foi o que mais viveu Saint Paul. Se mudou para ali em 1966 e ficou por 20 anos. Deixou várias obras pela cidade. Morreu em 1985 e está enterrado no seu cemitério. Existe um roteiro turístico que se chama "Nos passos de Chagall" que percorre a aldeia descobrindo obras, pinturas e mosaicos do artista em paredes e prédios públicos. Um arraso!

Primeira noite em Nizza


Queridos leitores,
acabo de chegar da minha primeira incurssão noturna em Nizza. Aí são as 00:28hs, aqui 3:30hs. Foi bom pero no mucho. Saí de casa às 2 da madruga depois de abrir a mala dos presentes para minha neta que só chegou hoje (a mala).
Frio seco, coloquei uma campera e me larguei em direção à Avenue Gambeta. Termina na Promenage des Angles, a beira mar daqui.
Na saida senti que a coisa não ia render muito. Sempre que viajo gosto de provar coisas do lugar como bebida, comida e relações humanas. Andar à noite, quando os puros estão dormindo, é uma excelente forma de conhecer uma cidade. Melhor ainda se não conheces o idioma. As pessoas se traem pelos gestos.
Bem, andei até a Rue de France e encontrei uma gordinha de preto, aqui todos usam preto no inverno. Fazia ponto na esquina. Perguntei:

-Hablás español?
- Sí, soy de Buenos Aires

Me senti em casa. Uma porteña, que na verdade era um porteño bem ajeitadinho, e que poderia me dar uma informação.
Queria saber onde, naquela hora, poderia tomar uma cerveja e ver gente. Me disse que era difícil mas que seguisse por Rue de France uns 15 minutos encontraria uma praça e que ao redor deveria ter algum bar aberto.
Engatei um primeira e larguei. Ninguém na rua. Encontrei a tal praça e apenas um pub estava aberto. Cheio de jovens na rua em frente. Tentei entrar mas o preço era 15 euros de consumação mínima. Não era para tanto. Perguntei sobre outro bar e me indicram algo como a três qudras de distância.
Sempre perguntava, em um francês sofrível, se era seguro. Na maioria das vezes não entendiam a pergunta. Jamais relacionavam com insegurança no sentido de assalto ou crime. Achavam que eu queria confirmação "segura" da informação. Não existe a paranóia de andar de noite pelas ruas de Nizza.
Bem, não encontrei nada aberto. Logo avistei um caminhão de lixo naquele frenessi habitual de correria, gritos e arrancadas em primeira marcha.
Só fiz o gesto e perguntei:
- beer?
Eles que andam por todas as ruas saberiam me dizer se existia algum bar aberto. Não existia!
Puêrra! É pior que o Campeche!
Tudo bem, voltei para casa pela Promenage des Angles. De repente...um cassino!!!!
A noite estava salva!
Entrei e falei:
- Je sui brasilian

Me pediram o passaporte e entrei. Algumas mesas de roleta, duas de bacará (blanco y negro) e uma infinidade de maquininhas caça níqueis. Tava feita festa.
Bobagem. Máquinas sem nenhum sentimento. Mecânicas, apenas mecânicas. Diferentes dquelas que o Içuriti Pereira mantinha em Santa Catarina, controladas pela Codesc e que bancou campanhas políticas do PMDB.

Aí em SC ao menos se colocava créditos na máquina e dava o start e travava uma coluna duas ou todas. Tinhas a sensação de que estavas jogando. Daí o velho ditado de jogador:
Se perdendo é bom imagina ganhando!

É claro que jogo bancado ganha a banca. Mas "interagir" com máquina é parte emocional e importante da perca. Não gostei da, digamos, franqueza do cassino. Achei de um frieza atroz.
Quando estava saindo e fui pegar a minha campeira no chapeleiro vi uma foto grande de um senhor na parede. Perguntei a um dos seguranças quem era.
Me respondeu em francês e não entendi direito. Percebi que se esmerava em falar sobre o personagem com certa ternura.
Percebendo que eu não estava entendendo, captva apenas a emoção, a senhora que me alcançou a campeira me disse:

- Le big boss!

- Ah! O dono? perguntei.
E os dois ao mesmo tempo fizeram gestos de que sim, era o dono, mas estava morto. O porteiro, mais bronco, colocou as duas mãos ao lado do rosto e fez gesto como se ele estivesse dormindo. A senhora me explicou que já tinha morrido.

Tudo isso com uma certa ternura pelo patrão. Ternura que não encontrei nas máquinas.

Alfa deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Primeira noite em Nizza":C,est vrai, mon cher Canga. Pior que uma noite no Campeche, só outra noite no Campeche. Dizem que Saint Exupery nunca conseguiu passar mais de uma noite aqui. Mas um verdadeiro campechano é um forte, como diria Euclides. Nós resistimos aos maus turistas que povoam nossas dunas de latinhas vazias e outros quetais, resistimos às noches tristes, mas jamais desistiremos. Salut les copains a Nizza!

Anônimo Alfa

Paulão deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Primeira noite em Nizza": Nada como um Jornalita 'em campo'. DU CARAGLIO, 'mon ami'.Canguita, meus conhecimentos de francês são patéticos (e dá-lhe os sêbos da Rua Riachuelo no centrão velho de POA me socorrendo em Filosofia do Direito e outras sendas menos confortáveis), mas podes arriscar algo assim: Est-il sûr de s'y promener à cette heure? Combien de temps y aller à pied? Il est calme ou occupé? É seguro caminhar até lá a esta hora? Quanto tempo de caminhada até lá? É tranquilo ou agitado? E PARA FINALIZAR: chienne qui a donné naissance = Puta que os Pariu. Paulão, uma última vez mais Les Paul em homenagem à netinha, também a Quai de la douane - um dia te mostro um conto 'nascido' nessa marina.

PS é phlóda: Tem um estacionamento em frente ao cais da duana, tinha uns butecos franceses. É só contornar o morrinho ao final da Promenage de Angle, seguindo em direção ao porto. Se a conversa for mais séria para o bolso recheado de euros, no cais, mais a frente tem um restaurante pequenino chamado La Zucca Mágica, um vegetariano que faz - quase - esquecer os pecados da carne - cuidado com o preço do vinho). Mais à frente, entrando à esquerda na Rue Cassini tem um italiano legal: L Altra Bottiglia - nesse a comida é de lamber os beiços e tem tudo quanto é tipo de vinho. Santé et de la célébration!!!)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Hoje, passeando pelo centro antigo de Nizza, Avenue Jean Medecin, matei a minha inveja do xeique Mohamed Bin Harrit, aquele mágico marroquino que andou por Florianópolis e deu uma entrevista exclusiva para o pessoal do blog Temperos & Apimentadas.
O xeique falou sobre vários assuntos políticos e mundanos da nossa cidade. Fez previsões tipo:

- Vejo um futuro xadrez para o vice-governador Leonel Pavan

Mas de tudo o que disse uma coisa me matou de inveja: ele andou no metrô de superfície contruido pelo governador Luiz Boceli da Silveira (cadê os R$ 2.5 milhões governador? Isso vai dar cadeia hein?) e disse que esta foi a maior obra do governo do PMDB. Elogiou o conforto e a qualidade do serviço. E eu aqui sem poder desfrutar da relização da maior promessa de campanha do LHS e também do Dário.

Hoje tive a oportunidade de andar em um metrô de superfície de qualidade que imagino seja igual ao nosso daí de Florianópolis. Embora Nizza seja um cidade maravilhosa, preservada, sem monstrengos de concreto como Florianópolis, não tem um metrô de superfície que passe por uma ponte como a Hercílio Luz.

Ah! isso não tem!

Quando chegar de volta vou fazer o mesmo passeio do xeique e comparar os serviços. Sem dúvida o nosso deve ser melhor. Foi superfaturado já na promessa!

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Inveja do Xeique": Caríssimo Canga, hoje estive rapidamente em Nizza via Google Earth, para conferir o metrô de superfície que você faz referência no seu blog.
Na Avenue Jean Medecin, nº 29, em frente a galeria NICETOILE observei o “sujo” traçado que percorre o veículo e as duas estações (pontos de parada) existentes no dois lados dos trilhos.
Minha impressão é que elas mais parecem aquelas paradas de concreto usadas anteriormente como banco de reservas no Estádio da Ressacada, se comparados as nossas aqui de Florianópolis.
Noutro ponto dessa avenida tive também a oportunidade de conhecer o veículo metrô, claro externamente, e uma coisa que me chamou a atenção é que o mesmo trafegava com as “janelas” abertas.
Logo concluí que lá como cá no nosso antigo transporte coletivo também andam desligando o ár-condicionado para economia, afim de proporcionar a "tarifa social".
Nessa rápida visita também me chamou a atenção, que a limpeza pública, a assitência social, e a saúde animal dessa cidade (Nizza)também estão deixando a desejar.
Fiquei impressionado com a quantidade de sujeira e matinho nos trilhos do metrô de superfície na Avenue Jean Medecin, e a quantidade de pedintes nos semáforos, e de animais perambulando.
Gostaria de te apresentar fotos dessa incursão que fiz hoje (28/01/2010) aí por Nizza, mais não consegui inseri-las neste pequeno comentário.
Já de volta a Florianópolis posso lhe atualizar que nossa Ponte Hercílio Luz ja está pronta, e toda a iluminação de natal utilizada na avenida beira-mar, foi, num golpe inimaginável de extrema economia perpetrada por um administrador público, utilizada para o clareamento deste importante ponto turístico dos catarinenses.
Segundo informações técnicas “vazadas” para o “monopólio da informação do sul do Brasil”, este artefato eletrônico exibirá, quando o nosso metrô estiver passando, a palavra inglesa “GO”, viabiliza numa PPP com uma empresa de cartão de crédito. Fruto das inúmeras viagens internacionais custeadas pelos catarinenses.
Tudo licitado, auditado e autorizado pelo nosso glorioso Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.
Aquelas “paradas” da Avenue Jean Medecin são biroscas quando comparadas as nossas estações climatizadas de Barreiros, do Canto ou mesmo a final, no Ingleses.
Coisa mais linda!
Você terá surpresas quando voltar.


Canga
Interessante comparativo. Para o próximo passeio sugiro um título mais atualizado: "O vovô no metrô", para não desperdiçar a rima.
Na "Temperos & Apimentadas" de amanhã teremos mais uma entrevista exclusiva com o xeique. Fala sobre a Casa da Marlene Rica e outras revelações bombásticas.
Abraços
Schneide

Wilmor Henrique deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Inveja do Xeique": Espero que o figura que está na bicicleta tenha picado a mula da linha, senão virou panqueca!

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Inveja do Xeique": Wilmor, o bonde tá indo e não vindo. Bonde em Nizza tem frente igual à traseira. Nunca viu?
Anônimo Alfa

sábado, 30 de janeiro de 2010








Caros leitores,
tenho acordado cedo e, enquanto minha neta não chega, estou aproveitando para correr e caminhar pela Promenade des Anglais. Ando duas horas diariamente. Hoje aproveitei para fazer algumas fotos da orla de Nizza, do porto e do casario desta cidade maravilhosa.
Andando pelo porto, percebi as cores de Nizza. Terracota e marelo. Divido com vocês estas imagens que capturei hoje. Clique em cima que aumenta.

Walkiria Mattos Becker deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Imagens de Nizza": Putz, hoje é que fui me atinar que a sua "Nizza" é a famosíssima NICE, que fica na Côte d'Azur, e que é a segunda cidade turística francesa, após Paris. E quando vc vc falava "promenade das angles", era, na verdade, a também famosa Promenade des Anglais (ou seja, dos ingleses, e não dos ângulos...rs...rsss..). Por que raios vc não chama essa cidade pelo nome que ela é conhecida aqui e lá na França?? Aff!!!

Cangablog: Querida leitora Walkiria, quando minha filha esteve em Florianópolis me falou que iria morar em "Nizza". Nice? perguntei, e ela respondeu: não pai, em Nizza! Morava na Espanha, à época, onde se falava desta forma.
Pesquisei o assunto e descobri que "Nice" foi anexada à França em 1860 sendo até então parte do Reino da Sardenha, nunca foi parte do Estado italiano, que surgiu apenas um ano depois. O estado italiano foi unificado por Giussepe Garibaldi (o da Anita) nascido, casualmente, em Nizza.
O nome Nice foi adotado pelos norte-americanos que se apaixonarm pelo local e o transformaram, durante anos, no centro da badalação do jet set internacional. Tipo: o lugar era uma nice (ehehe). Adotei o nome original. Só isso.
Aí uma foto do Garibaldi na sua praça. Local de minhas corridas diárias.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Coincidências

Sempre que viajo acabo encontrando pessoas conhecidas. Tipo, certa vez em Salvador em um bar no Pelourinho estava com a familia e de repente o músico, que começava a tocar naquele momento, disse:
- Gostaria de dedicar esta música ao amigo Canga que está paseando por Salvador com a família.
Bem, lembrei na hora do amigo que havia conhecido há uns 10 anos em Porto Alegre. Coincidências.

Noutra feita, em Búzios, entrava em uma cafeteria com minha família e de repente escutamos:
- Mirá, el hijo del guarda Rubim!
Era um amigo de Montevidéu que conheceu meu pai - guarda aduaneiro em Quaraí - quando descia à fronteira para buscar erva-mate, fumo (de corda) cachaça e feijão. Coincidências.

Outra vez em Montevidéu, saindo da Ciudad Vieja, na esquina da 18 de julho com Andes parei em uma banca onde se vendiam cuias de chimarrão e alpargatas. Perguntei o preço e o dono da bnc me olha e diz:
- Sos el Canga, no?

Era el Negro Poli, amigo que não via há mais de 30 anos. Me abrigou em seu apartamento, Calle Democracia, por uma semana quando voltava de "missão política" em Buenos Aires. Coincidências.

Ontem dei uma banda pela noite de Nizza. Saí com endereço certo. Bar Havana. Uma casa estilizada, decoração kitche com direito a enormes palmeiras de plástico, sacos de Café du Brésil e fotos de cubanos cortando cana. Tava lotado.
Pedi uma cerveja "na pressão" e fiquei observando aquele povo tentando bailar como latinos. Um sarro!
Acabou a música lá pelas 2 da manhã, aqui os bares fecham às 2:30hs. Uma merda! Puxei assunto com o baixista da banda "cubana", o Alan, francês. Dois minutos de conversa e ele me disse que iria conhecer o Brasil. Partiria segunda-feira para, divinhem onde?
Florianópolis!!!!!!
Coincidiências.

Nei Duclós disse...

Canga, são anjos. Eles te aparecem em forma de um amigo perdido, alguém que conheceu teu pai, um conhecido que jamais te esqueceu. Uma vez, pegando carona de volta a Porto Alegre, fomos abandonados no ermo de uma estrada que escurecia. Não havia nada por perto, nenhuma luz, casa, fazenda, apenas a carretera, lúgubre, se misturando ao campo ao redor. De repente,passa um carro a toda. Ele anda mais uns duzentos metros, pára e dá meia volta. Pensei: É agora, vão nos pegar. Pensei no pior.

De dentro do carro, agarrado ao volante, uma voz gritou:
- Ei, teu irmão não estuda lá na Engenharia ?
A súbita aparição era o famosos Chinês (que, se não me engano, era coreano), colega do meu irmão mais velho. Entramos todos no carro e fomos confortavelmente para nosso destino.

Te falo, são anjos. Eles te abrigam no momento em que estás envolvido numa aventura complicada. E te reconhecem, quando ninguém ao redor sabe quem tu és. Nesse momento, emerges da tua solidão anônima e ganhas forma no universo hostil.

Coincidência? Nada. Veja como eles desaparecem como surgem. Nunca mais vi o Chinês. Mas nunca me esqueci que foi ele quem me arrancou dos braços de uma assombração.

Zainer deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coincidências": ...fui as lágrimas com o comentário do Nei, já encontrei "vários" por este Brazilzão de Deus....pô!

Amilton Alexandre deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Coincidências": Puxa Canga. Então o meu ex- Bar Havana era melhor que o similar francês?
Curta bem essa viagem
Musca

Legião Estrangeira


Andando perto do porto de Nizza, hoje, me deparei com uma placa indicando o local de alistamento para a Legião Estrangeira. Imediatamente me remeti a minha juventude quando tive uma "desilusão amorosa". Fiquei sem rumo e pensei até em ir a Montevidéo me alistar na Legião Estrangeira Francesa. Começar uma vida nova. Isso que a minha vida não tinha nem começado (rs).
A Legião é uma unidade militar da França, criada no século XIX, atualmente é uma tropa de elite. Tinha como objetivo defender os interesses e as colonias da França em qualquer lugar do mundo. Ficou famosa por recrutar extrangeiros desiludidos da vida em busca de aventura e dinheiro. Vários filmes retrataram a Legião em operação na África, Oceâno Pacífico, America do Sul e Caribe.
Uma das vantagens é que ao se alistar, o novo legionário vira um número e assume outra identidade. Deixa o passado para trás. Até hoje ainda funciona assim. É a organização mercenária mais famosa do mundo.
Acho que não perdi nada.

André deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Legião Estrangeira": Olha só! "O novo legionário vira um número e assume outra identidade, deixando o passado para trás." Se o Pavan lê uma dessas é bem capaz de topar, hem? kkkk

Passeio matinal pela vieux Nizza

Clique para aumentar a imagem

Hoje resolvi explorar mais profundamente o centro antigo de Nizza. Le vieux Nizza como chamam aqui .Terminei minha corrida e, no final da Promende des Anglais, entrei no mercado de flores, frutas e peixes e me embrenhei pelas dezenas de ruelas estreitas que formam a parte mais antiga da cidade.
Pequenas lojas de souvenirs, bistrôs, casas de vinhos, alguns pubs e muita gente andando e entrando nas lojas logo cedo. Na verdade a maioria estava abrindo, 10 horas da manhã e frio de 11 graus. Frio seco com dia de sol.

Ao dobrar a primeira esquina topei com uma casa de vinhos. Um espetáculo à parte. Uma viagem por regiões da França e de outros países do mundo través de garrafas, rótulos e fotografias.
Ao entrar, a famosa fotografia "Menino com garrafas" (na Rua Mouffetard, em Paris, 1954) de Henri Cartier Bresson, me chamou a atenção. Adoro essa foto.
Depois percebi que estava dentro de um grande tanque de vinhos. Uma parede inteira era um tanque de metal com "escotilhas" e torneiras abaixo. Coisa de louco. Não entendi direito como funcionava quela "máquina" antiga da bebida. Tentei explicações com o atendente mas o meu francês me traiu e entendi pouca coisa do que falou. Falei merci, au revoir e saí com cara de satisfeito. Vou voltar com meu genro para que me explique direitinho.
Na saída vários cartazes antigos de propaganda de abssinto, hoje proibido na França. Em um dos cartazes pintura de Paul Gauguin em uma mesa degustando sua bebida favorita e que, junto com a sífilis, o levou à loucura e à morte. Acho que existiam algumas garrafas de abssinto "perdidas" entre as garrafas de vinho. Voltarei para conferir.

Oui ! Nous avons le carnaval !


A cidade de Nizza se volta para a preparação do Carnaval. Segundo a propagando "o melhor do planeta". Em minha corrida matinal, hoje, vi funcionários da prefeitura erguendo estruturas de ferro para montar arquibancadas e colocando iluminação especial por toda a Promenade des Anglais.
Mais adiante o roteiro dobra à gouche e desemboca na Place Masséna onde também tem um trabalho frenético de funcionários municipais.
Aqui os impostos cobrados pela prefeitura são altos mas tudo volta em beneficios para a população. Cidade limpa, trânsito disciplinado, ruas sem buracos, enfim um cidade bem administrada e honesta.
Ao contrários de nossos admnistradores, em Florianópolis, que fazem obras e evento com o único intuito de "levar" os 20%, aqui administração pública é levada a sério e a população não coloca escroques no poder.

O carnaval de Nice é um dos mais conhecidos carnavais europeus. Suas principais atrações os desfiles de corsos, as batalhas de confete e flores e os espetáculos de marionetes e de teatro de rua.
O corso (desfile de carros alegóricos), que apareceu pela primeira vez, em 1882, é formado por um grande cortejo, onde se destacam o Rei Momo e seu grupo de cortesões acompanhando de um séquito de 5 mil crianças, 20 carros alegóricos e 800 máscaras gigantescas representando personagens conhecidos da cidade.
No último dia de carnaval acontece o cortejo de incinerações. As máscaras e bonecos são queimados na praia, e há um espetáculo de fogos de artifício, marcando o fim das festividades. Na Promenade des Anglais, são organizadas as famosas batalhas das flores, com inúmeros carros alegóricos, cheios de bonitas garotas, entre elas a rainha do carnaval, que passam jogando milhares de buquês de flores para o público. Cerca de 10 toneladas de flores são distribuídas pela prefeitura. O carnaval de Nice tem um calendário, digamos, dilatado. Vai de 15 de fevereiro a 4 de março. (magavilha!!!).

Ainda não escolhi minha fantasia. Mas antes que algum anônimo me sugira, aviso que estou pensando seriamente em sair de palhaço. Representando o povo catarinense frente aos seus governantes. Corruptos e safados.

Meira Junior deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Oui ! Nous avons carnaval !":
Bom dia Canga...
Tenho acompanhado sua viagem pelas belas cidades que tens mostrado no teu blog. Que inveja (boa) só em saber que por aí não exite Dário nem LHS já é um alívio. Pelo amor de Deus, não vende a idéia de querer dilarar o nosso carnaval (melhor do planeta) por aqui. Imagina em quase 20 dias a "festa" que não fariam com o dinheiro público. O Cowvallazzi já deve estar com vontade de ser Secretário de Turismo de Nice...
Por favor, se encontrares uma fantasia de Árvore de Natal, compra pra mim, mas peça a Nota Fiscal ou então faça uma licitaçãozinha. No retorno eu te pago - não é mentira não!!!
Sugestão de fantasia, sai de Canga mesmo, estarás representando bem melhor a nossa gente honesta, é claro!!!
Grande abraço

Luiz C. Schneider deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Oui ! Nous avons carnaval !": Levar os 20%? Só 20%? Não, aqui é bem mais. O show do Bocelli custaria R$ 3 milhões, mas ele cobra US$ 200 mil (R$ 360 mil). Assim, os R$ 2.640 mil representam apenas 88% do valor total. Tire uns 8% de despesas, e restam 80% para o "rateio" entre amigos!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Frio e calor

Hoje, todas as pessoas que falei em Florianópolis, Blumenau e Quaraí reclamaram do calor insuportável. De Florianópolis meu amigo Lucki dizia, às 9 horas da manhã, que a tempertura já estava quase nos 28º C. Em Blumenau, a sensação térmica chegou aos 40ºC.
Aqui, no inverno da Riviera, a média fica em 12º C. Frio seco e sem vento. De manhã, às 8h, está bastante frio, cerca de 7º C. Logo às 10h já sobe pra 10/11º C.
A cor predominante nas ruas é o preto. Mesmo com o frio as pessoas saem para passear de manhã na principal avenida a beira mar, a Promenade des Anglais.
A maioria é de idosos com seus cachorros. A região da Cote D'Azur é a mais quente da França. Por isso, escolhida pelos franceses para curtir suas aposentadorias por aqui. A previsão para os próximos dias em Florianópolis e região é de temperaturas elevadas chegando aos 38º C. Não invejo o pessoal daí neste momento. Aqui, o clima está super agradável.
Au revoir.
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Antibes e Picasso

Vista de Antibes com os Alpes Marítimos nevados ao fundo

Enquanto a minha neta não chega, tá passadinha já, aproveitamos para passear pela região da Provença. Ontem visitamos Antibes, Juan le Pins e Cannes. A estrada a beira mar pela Baie des Anges é maravilhosa. A partir de Antibes começam aparecer as mansões debruçadas sobre o Mediterrâneo. Coisa de cinema.

Antibes teria sido fundada no século V ou IV a.C. pelos fenícios de Marcelha. Os Grimaldi (Mônaco) eram os senhores de Antibes, o mais belo e importante porto da região. Dominaram até 1384.
A família Grimaldi, de origem genovesa, não é fraca. Dominou várias regiões no Mediterrâneo e hoje mantém o poder do Principado de Mônaco. São os donos.

Em Antibes Pablo Picasso teve um periodo de grande produção artística. No Museu Picasso tem mais de 200 obras realizadas durante a sua estadia no Outono de 1946 no Castelo Grimaldi, que é hoje o coração da coleção do museu de Antibes. O museu está no Castelo Grimaldi, mais tarde rebatizado de Museu Picasso.

Hoje vou a Vallauris (indicação do colega Moacir Pereira) e a Grasse, cidade dos perfumes.
Em 1948, Picasso se apaixona pelo artesanato da olaria e decide instalar-se na cidade de Vallauris. Graças ao pintor, a cidade renasce e atinge uma notoriedade extraordinária. Lá fica até 1955. Vallauris mantém a sua tradição de olaria e cerâmica.

Bela manhã de sábado


Promenade des Anglais com Vieux Nice

Vista parcial de Vieux Nice com os Alpes Marítimos nevados ao fundo

Prédios com igreja no porto de Nice

Queridos leitores,
estou entrando no horário daqui. Embora tenha deitado lá pelas 2h da manhã, 23h no Brasil, levantei às 8h e parti para corrida matinal. Frio de 2 graus mas com sol e céu azul. Com boa luz tive oportunidade de capturar ótimas imagens da cidade. Finalmente consegui conhecer e fotografar a tipografia La Lino que há vários dias namorava mas estava sempre fechada. Hoje, passei em frente, era cedo ainda, andei até o porto, conheci novas ruelas da Vieux Nice e voltei à rua Defly e consegui uma excelente matéria com o artesão gráfico Gilbert Fenoville. Mátéria sobre a tipografia leiam amanhã. Está um sábado maravilhoso. A temperatura já alcança os 12 graus.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Vallauris, Picasso e Rita Hayworth


Estivemos ontem na pequena cidade de Vallauris acima de Antibes. A Cidade da Cerâmica, tem como uma das suas maiores atrações o museu do seu hóspede mais famoso: Pablo Picasso. Picasso se apaixona pela arte em cerâmica produzida na cidade e se muda para lá em 1948. Começa um período bastante produtivo de sua arte e, além da pintura, produz peças em cerâmica. No ano seguinte, ganhou título de Cidadão Honorário da cidade.

Picasso atrai para Vallauris muitos amigos e grandes nomes das artes e artistas famosos do cinema mundial. O casamento da atriz Rita Hayworth com o príncipe paquistanês Ali Khan, em 1949, coloca a cidade na capa dos principais jornais da Europa e dos Estados Unidos.

Em 1955 Picasso doa ao Estado francês a sua obra A Guerra e a Paz e o castelo da família Massier, onde está a obra, passa a ser o Museu Nacional de Picasso junto ao Museu da Cerâmica.

Em 1889, Clèment Massier havia encantado o mundo com suas cerâmicas com reflexos metálicos na Exposição Universal de Paris. Durante a visita encontrei um grupo de estudantes . Já os havia visto em fila de dois e de mãos dadas cantando pelas ruas de Vallauris. Mais tarde me deparo com todos no museu, sentados no chão assistindo a um vídeo sobre produção de cerâmica. Mas o que mais me impressionou foi a tenção que prestavam e as perguntas que faziam à professora. Todos com 5 para 6 anos.ro anos de idade!

Visitar um lugar como esse, conhecer sua história e sentir as “vibrações” que ficaram por ali de personagens tão interessantes través de suas obras não tem preço.

Fim de tarde de domingo em Promenade des Anglais





sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um templo das artes tipográficas em Nice


No número 16 da rua Defly, na Vieux Nice, trabalha um mestre das artes gráficas: Gilbert Fenouille. Herdeiro de três gerações de gráficos, Gilbert toca a tipografia La Lino com a dedicação e cuidado dos grandes profissionais das artes tipográficas.

Desde que estou em Nice passei algumas vezes em frente à La Lino mas sempre estava fechada devido ao horário. Hoje, sábado, como das outras vêzes tive que me contentar com a vitrine. Ali me deliciei com impressos em vários tipos de papéis, cores e técnicas relêvo em papel. Por entre os artigos expostos dava para vizualizar uma linotipo e um amontoado de ferramentas, cavaletes com gavetas de tipos tipográficos, quadros e esboços pendurados nas paredes de pedra.
Tudo me remetia à caixa mágica da Tipografia Alvorada onde me iniciei nas artes gráficas.

Não desistiria de desvendar aquele acervo raro de equipamentos e arte.
Continuei minha corrida matinal até o porto, passando pela praça Garibaldi e retornei por volta das 10 horas. Estava fechada ainda. Olhei novamente pela vitrine e vi o personagem, de guarda-pó azul, grandes bolsos de placa na frente, igual ao que meu tio, Pedro Flôres, usava na Tipografia Alvorada. Pensei imediatamente se aquela vestimenta seria um código universal dos tipógrafos que, por força da profissão, tinham consciência política por acesso aos mais variados tipos de publicações. Daí porque sempre surgem como personagens atuantes e organizados nos momentos políticos da história.
Ao me ver, Gilbert fez um sinal para que esperasse. Estava limpando os equipamentos. Esperei alguns segundo e finalmente a porta da La Lino foi berta. Gilbert me recebeu com simpatia e me estendeu a mão, dedos grossos com as unhas escurecidas pela tinta.

- Je suis journaliste brésilien et ne parle pas français, falei apertando a sua mão com cumplicidade.

- Vous parle italien? perguntou

Não, eu não falava italiano mas falava espanhol. Ele não.

Bem, já dentro da tipografia pensei: agora vamos nos entender em francês e no resto dos idiomas e dialetos do mundo. Na verdade a paixão pela tipografia foi o idioma que nos manteve por mais de uma hora em uma conversação frenética, revirando gavetas, puxando papéis e mexendo em máquinas.
Gilbert é um apaixonado, acho que caiu na lata de tinta quando era pequeno como eu, com a diferença que ele é um mestre. Perguntei sobre a linotype me respondeu que era de 1923. A La Lino foi fundada em 1900. Todo o trabalho ali é artesanal. Ou é preparado manualmente antes, na escolha do papel, na técnica, na tinta e depois leva um toque de impressão ou tem parte impressa e depois vem um tratamento onde entra a genialidade do mestre.
Subimos três degraus e tinha outra impressora.

- La
Heidelberg !!!

Exclamei surpreso diante de uma flamante impressora alemã considerada o Rolls Royce das máquinas tipográficas.
Gilbert sorriu satisfeito com o meu conhecimento e apontou para o seu relógio de pulso. Me dizia que funcionava como um relógio suiço. Perfeita!
Tinhamos o mesmo respeito por aquele equipamento gráfico de altíssima qualidade tecnológica. Quase uma paixão!

Comecei a abrir caixas de tipos (letras fundidas em antimônio e chumbo) e me surpreender com Times New Roman, Garamonds, Baskerville, serifadas, redondas e...enfim, todas as famílias tipográficas.

Uma das técnicas usadas por Gilbert Fenouille, que mais me impressionou, é a gaufrage.
Arte milenar de trabalhar o papel em relevo. Me mostrou vários trabalhos feitos por ele. Um deles foi um convite para o mítico Hotel Negresco de Nice, ícone da
Belle Epoque preferido dos Rockfeller, Hemingway e Scott Fitzgerald.

Falei com Gilbert que estava em Nice para ser grand-père (avô). Me olhou de forma terna e me chamou para outra sala onde abriu uma gaveta e retirou um pedaço irregular de papel vergé que dobrou delicadamente. Na capa uma flor com data em alto relevo. Pegou um envelope de papel linho e levou a aba à uma pequena prensa imprimindo, em baixo relevo, um selo onde está gravado em latim Gilbertus Foenicilum (?) Ex-libres.
Me entregou e disse que era para minha filha. Me despedi emocionado. Saí pensando de como foi possível todo aquele entendimento entre pessoas completamente diferentes, de lugares e origens tão distintas e que nem ao menos falavam o mesmo idioma. Mas falavam !

De alma lavada caminhei absorto em pensamentos sobre tudo aquilo e de repente não sabia mais onde estava. Dei por mim em uma esquina de bares e restaurantes turcos em ruas estreitas cheias de "mouros" (Tunisianos, Argelinos e Marroquinos) buscando o sol da manhã. Aí...bem, essa é outra história.
Au revoir

Alfa deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Um templo das artes tipográficas em Nice": Rubim e Fenouille. Existe um dito em francês que confirma a inevitabilidade de certos encontros."Les grands esprits se reencontrent!"
Anônimo Alfa

Viking deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Um templo das artes tipográficas em Nice": Sérgio Rubim, salve!

No início dos anos 1970 peguei essa mesma doença numa gráfica em Blumenau que imprimia o antigo e extinto jornal "O Lume", do decano da imprensa catarinense, Honorato Tomelin...
Havia duas máquinas linotipos e uma Heildelberg...
Talvez não tão brilhantes e reluzentes como as que você acaba de descrever, mas igualmente eficientes e perfeitas...
Saudades... Escrever e depois participar do trabalho que faz a folha impressa, no meio das provas, do cheiro de chumbo derretido, da tinha da impressora... Isso sempre foi uma cachaça para a nossag geração...
Compartilho, portanto, amigo... Dessa paixão...
E como se sabe, uma paixão não se explica...
Um abração do viking!
PS.: A viagem está sendo produtiva, estamos acompanhando e torcendo daqui, da Ilha, digo, do nosso Paraíso...
Até!